Aos que devoram o mundo tranquilos, como se
comessem uma banana split; aos que usam as
assembléias como balcão de negócios, na
esperança de vender seu estoque de bombas; aos
banqueiros internacionais, pressurosos em atender
os mendigos de Estado, em troca de pequenas
concessões; aos que plantam suas máquinas em
terras estrangeiras, para espremer os frutos,
o solo e as gentes; àqueles que falam doce
e mandam seus missionários catequizar os
gentios com hinos de dúbia letra; aos amantes
da ciência, magos e feiticeiros, hábeis em
curar moléstias geradas por eles mesmos; aos
que levam nosso ferro e areias monazíticas e
nos devolvem em troca o saldo de suas festas;
aos que matam nossa fome com sacas de feijão
podre e nos afogam a sede num mar de
refrigerantes; aos que abrem suas asas sobre
nossas cabeças ocas e nos fazem aliados contra
o inimigo deles; enfim, a todos aqueles que
usando de artimanhas suas artes nos ensinam,
nossa gratidão eterna. E a promessa de que um
dia, tão logo estejamos prontos, restituiremos
em dobro. |